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28/01/2025O final dos anos 1950 viu o nascer de fortes tensões geopolíticas em um mundo recém nuclearizado. A Guerra Fria travada entre os principais vencedores da Segunda Guerra Mundial, fez com que todos temessem o início de um novo conflito armado entre os dois blocos mais poderosos, mas apesar do claro desconforto generalizado causado pela possibilidade uma nova guerra global, outra guerra emergia como uma das mais marcantes disputas tecnológicas de todos os tempos, a corrida espacial.
A União Soviética lançou o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1, em 1957, feito seguido pelos norte-americanos. O primeiro homem a visitar os cosmos foi o russo Yuri Gagarin em 1961, constatando que a Terra é azul. Essa conquista também foi repetida pelos americanos posteriormente. E para todos os itens de pioneirismo soviético, temos a repetição dos mesmos feitos pelos estadunidenses, até que em 1969 os Estados Unidos com a missão Apollo 11 leva a nossa espécie à Lua com Neil Armstrong, dando um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade.
Hoje a corrida espacial nos lembra que há pouco tempo, em um espaço de duas décadas, avanços científicos, outrora inimagináveis, foram alcançados. A romantização da Guerra Fria de um lado pode esquecer dos grandes custos humanos que guerras por procuração causaram na África, Ásia e América Latina, mas de fato, a corrida espacial foi crucial para termos satélites geoestacionários, sistemas de GPS, instrumentos de telecomunicação dos mais modernos e aviões mais seguros. Essa batalha travada no campo ideológico e científico rendeu bons frutos para toda a humanidade.
A União Soviética colapsou, a Guerra Fria clássica está apenas nos livros de história, e um dos impérios perdeu protagonismo. Nesse cenário, bebendo de inspirações semelhantes às dos soviéticos, renasceu um outro império para rivalizar com os norte-americanos, a China. O caminho chinês até o desenvolvimento econômico e social foi extremamente árduo e contou com capítulos desastrosos, custando a vida de milhões.
As abordagens empiricamente falhas de Mao Tse-tung para a agricultura, além da Revolução Cultural, ocasionaram a morte de dezenas de milhões de chineses e fizeram com que grande parte do mundo duvidasse da capacidade de autossustentação da China. Com drásticas reformas econômicas e menos repressão política, Deng Xiaoping, o pai da China como a conhecemos, introduziu o capitalismo voraz do mundo ocidental a uma doutrina unipartidária de uma nação disciplinada de 1 bilhão de pessoas. Quatro décadas depois, a China é o que vemos hoje, o segundo país mais rico do mundo em números absolutos, milhões retirados da miséria e a nação mais manufatureira da Terra.
Após esse apanhado histórico importante, chegamos a era digital, a era onde tudo instantaneamente ao alcance das mãos coloca desafios para as próximas revoluções industriais. A Inteligência Artificial elaborada ao longo das últimas décadas surgiu como a grande novidade, mas também como um enorme desafio para governos e suas populações. O dinheiro abundante norte-americano fez com que as primeiras grandes empresas desta nova tecnologia, com milhões de aplicações, se tornassem mundialmente conhecidas.
A OpenAI, desenvolve modelos avançados incluindo o ChatGPT, a gigante Google também está por trás da elaboração de modelos ainda mais modernos, assim como a Microsoft, com o Copilot, integrando a IA nos programas já utilizados por nós diariamente, como Word e Excel. A quantidade de recursos em mãos e a credibilidade dessas e outras dezenas de empresas do ramo, deram aos Estados Unidos uma enorme vantagem na nova corrida de nosso tempo. Todavia, a China que aprendeu a jogar com maestria o xadrez do capitalismo, não poderia ser subestimada.
O lançamento da DeepSeek, ferramenta de IA chinesa em 2023 e popularizada em 2025, caiu como um balde de água fria repleto de realidade para os magnatas e o governo dos Estados Unidos. Com fundos extremamente menores disponíveis para o seu desenvolvimento, a empresa conseguiu lançar no mercado um aplicativo competitivo, útil e muito mais barato. As ações das gigantes americanas despencaram, somando os prejuízos iniciais, mais de 1 trilhão de dólares foram “perdidos” em razão do choque mundial trazido pelos chineses. Apesar da recuperação consistente das empresas norte-americanas em seu valor nas últimas horas, a DeepSeek fez um enorme estrago nos planos de Donald Trump de manter seu país para sempre na liderança tecnológica.
Ao utilizar o DeepSeek, se nota que algumas questões sensíveis ao governo de Pequim e ao seu líder, Xi Jinping, estão por hora, censuradas. A falta de objetividade de respostas em questões políticas complexas e delicadas para o segundo maior império da atualidade, revelam que ainda há um caminho a ser percorrido se o sonho é mesmo competir em igualdade com as empresas dos Estados Unidos.
Independentemente das falhas que necessitam de correção, essa nova corrida tecnológica tende, assim como a corrida espacial, beneficiar todos nós. Com as aplicações avassaladoras do IA nas áreas de telecomunicações, medicina, entretenimento, cibersegurança, entre tantas outras possibilidades, mais ferramentas, tendem a tornar o serviço mais barato e a constante competição impulsionará o desenvolvimento de aplicativos e programas ainda mais precisos e inovadores. Foi dada a nova largada, veremos quem será o campeão a dominar o universo da Inteligência Artificial.
Fonte: Noticias ao Minuto Read More