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Países de população pequena, muitas vezes, não ganham destaque no noticiário geopolítico, mas se tratando da segunda maior nação do mundo em área, um membro do G20 e possuidor de vastos recursos naturais, o Canadá sempre desperta interesse. Apesar de um crescimento econômico consistente e de um IDH bastante elevado, os últimos anos da gestão de Justin Trudeau deixaram poucos sorrisos na classe média e baixa. Os altos impostos colocados no setor energético como parte da iniciativa verde, a crise migratória que se transformou em uma crise de moradia e o apoio explícito ao identitarismo irrestrito, trouxeram baixíssimos índices de popularidade ao antigo premiê e a seu partido. Na altura de sua despedida do governo, após mais de 9 anos em Ottawa, o Partido Liberal pontuava de maneira preocupante, abaixo dos 20 pontos percentuais.
Ao publicizar rachas internos na sua coalizão e vendo a sua história como homem público ser manchada em poucas semanas, Trudeau decidiu renunciar ao cargo e se afastar da liderança de seu partido, um dos mais tradicionais de esquerda dentro do Canadá. Seus principais opositores, os Conservadores, viam na fraqueza do jovem político a sua chance de retornar ao poder depois de quase uma década. O eloquente líder da oposição, Pierre Poilievre, se notabilizou nas redes através de debates fervorosos com o primeiro-ministro no parlamento, colocando-se de maneira altiva ao lado da classe média e não hesitando em culpar Trudeau pela pressão inflacionária que preocupa as famílias canadenses. Nesse contexto, os conservadores viram suas intenções de voto dispararem, ultrapassando os 40% e acreditando em um governo de ampla maioria para aplicar suas reformas.
Todavia, um sismo iniciado na fronteira sul, por todos os Estados Unidos, em novembro de 2024, logo se espalharia pelo centro do poder norte-americano e mudaria toda a conjuntura internacional, que outrora estava sob controle. A vitória e a posse de Donald Trump transformaram o Canadá, nação vizinha e amiga, em um dos principais rivais ideológicos e econômicos no cenário regional da América do Norte. Desde o primeiro dia de seu mandato, tarifas de 25% aos produtos canadenses foram anunciadas e, posteriormente, colocadas em prática. O republicano também fez uso de suas redes sociais para sugerir que o Canadá viveria em uma situação muito melhor caso se juntasse aos Estados Unidos como 51° estado, abandonando sua soberania. Tal fala foi automaticamente rechaçada pela classe política canadense de ambos os espectros, mas se tornaria a espinha dorsal de uma campanha política que já parecia decidida.
Mark Carney, economista sem experiência política, foi o vencedor das primárias liberais e herdeiro de um quadro político complexo para tentar minimizar a derrota já imaginada. Seu perfil mais técnico e relativo desconhecimento popular pareciam não agradar muito o eleitorado canadense inicialmente. Contudo, campanhas eleitorais tomam rumos inesperados e podem trazer vitórias de maneira despretensiosa. Carney, ciente do cenário interno negativo produzido por Trudeau, apostou em rivalizar com Donald Trump para elevar a motivação de seus apoiadores e conquistar os indecisos. Partiu, então, para uma campanha focada em questões externas, sem destacar os problemas internos. Enquanto Poilievre era mais cauteloso com a escolha de palavras para não ofender Trump, e possivelmente sofrer represálias quando se elegesse, Carney, adotou uma conduta de enfrentamento direto, falando abertamente contra os planos do presidente dos Estados Unidos e apelando para elementos de orgulho nacional canadense. Os Liberais que por muito tempo se afastavam dos símbolos nacionais, buscando uma agenda mais multicultural e globalizada, começaram a fazer comícios cheios de bandeiras vermelhas e brancas com a folha de Ácer.
Os Liberais cresceram nas pesquisas e referendaram a preferência com os resultados, fazendo mais de 43% dos votos, enquanto os Conservadores, apesar do crescimento, ficaram estacionados em 41%. Para Poilievre, a noite foi ainda mais amarga, ao constatar que perdeu a reeleição de sua cadeira e provavelmente não figurará no parlamento na próxima legislatura. Donald Trump mesmo acreditando e pregando tudo que é oposto à agenda dos liberais canadenses, foi o combustível que os impulsionou a vencer os conservadores.
Apesar da alegria de uma vitória improvável e histórica, a vida do primeiro-ministro Carney, não será nada fácil, já que herdou problemas econômicos graves de seu antecessor e não poderá contar com um diálogo fraterno com seu principal parceiro comercial do outro lado da fronteira. A guerra comercial declarada por Trump a todas as nações, não poupou os aliados e neste momento de disputas midiáticas entre norte-americanos e canadenses, o republicano usará de todas as suas ferramentas econômicas para fazer Carney mostrar que seu governo irá além de uma campanha bem-feita.
Fonte: Noticias ao Minuto Read More