A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil elevou, nesta quinta-feira (24), o tom contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e aprofundou a tensão diplomática entre os dois países. Em publicação no perfil oficial da representação diplomática no X (antigo Twitter), a embaixada compartilhou uma declaração de Darren Beattie, subsecretário de Diplomacia Pública do governo do presidente Donald Trump.
Na mensagem, Beattie acusa Moraes de ser o “coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro” e o responsabiliza por supostas restrições à liberdade de expressão que extrapolariam as fronteiras brasileiras, atingindo inclusive o território norte-americano. “Graças à liderança do presidente Trump e do secretário Rubio, estamos atentos e tomando as devidas providências”, afirmou Beattie. A frase foi traduzida e reproduzida oficialmente pela embaixada norte-americana, em gesto incomum no meio diplomático.
A publicação ocorre dias após o senador e secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciar a revogação dos vistos de Moraes, seus familiares e outros ministros do STF. Segundo Rubio, decisões recentes do ministro relacionadas a Bolsonaro configurariam censura com impacto internacional.
Entre as medidas citadas está a imposição de tornozeleira eletrônica a Bolsonaro, determinada por Moraes e validada pela Primeira Turma do STF. A ação faz parte de um conjunto de medidas cautelares no âmbito de investigações sobre tentativa de golpe de Estado e ameaça à soberania nacional.
A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República afirmam que Bolsonaro teria atuado para estimular sanções internacionais contra o Brasil, com o objetivo de pressionar o Judiciário e dificultar sua responsabilização legal. A principal suspeita é de que o ex-presidente tenha buscado apoio político fora do país para fomentar instabilidade institucional e evitar prisão em processos que envolvem sua atuação após as eleições de 2022.
Com a publicação oficial da embaixada, a tensão entre os governos brasileiro e norte-americano ganha novos contornos e expõe o envolvimento direto de aliados de Trump na pressão contra autoridades do Judiciário brasileiro. Até o momento, o Itamaraty não se manifestou sobre o caso.