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Em meio ao caos político e esportivo enfrentado pelo Corinthians nos últimos tempos, resultado de gestões temerárias que geraram uma dívida que ultrapassa os R$ 2 bilhões e, consequentemente, minaram a qualidade do time, o torcedor alvinegro perdeu a fé em boa parte de seus dirigentes e decidiu a arregaçar as mangas em busca de dias melhores. A vaquinha para tentar pagar (ou ao menos diminuir) a dívida do estádio é a ação mais destacada, mas há quem tente transformar o Timão por dentro. Vem ganhando força entre a Fiel, sobretudo nas redes sociais, a proposta para mudar o estatuto social do clube.
Um dos projetos é do Coletivo Voz Corinthiana, que finalizou nesta semana um documento (que pode ser conferido neste link) de 69 páginas que busca atualizar as regras internas do Corinthians, de forma que elas sigam os padrões de leis recentes e práticas de governança mais modernas. Para reunir apoio à proposta, o grupo lançou um abaixo-assinado (que pode ser conferido neste link) visando gerar uma “pressão organizada” e dar legitimidade ao projeto, que deverá ser apresentado posteriormente ao Conselho Deliberativo.
Origem
Em entrevista à Jovem Pan, Fabio*, advogado e um dos torcedores que faz parte do grupo, contou que o coletivo nasceu online. “A gente se reuniu ali, algumas pessoas estavam incomodadas. O Corinthians tem uma má administração e, do jeito que está, não tem como continuar… Aí nós começamos a captar pessoas de diversas áreas: economistas, advogados e gente que trabalha com marketing e administração.”
Com o desejo de mudar o time do coração e escutar a torcida, o coletivo teve a ideia de abrir um canal de comunicação para o envio de ideias. Em apenas um mês, eles receberam mais de 600 sugestões para contribuir com a melhoria do clube. A partir disso, começaram a dar vida ao projeto. Entre os princípios norteadores da proposta, estão a profissionalização, moralidade, descentralização, responsabilização e alternância de poder. A seguir, confira algumas das principais sugestões do grupo:
Auditoria nas últimas gestões
O texto prevê que, caso a reforma do estatuto consiga aprovação, seja contratada uma auditoria independente no prazo máximo de 30 dias. Essa verificação teria como objetivo revisar de forma minuciosa as últimas quatro administrações do clube (Roberto de Andrade, Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e Augusto Melo), identificando possíveis falhas e determinando as devidas responsabilidades dos envolvidos.
Alterações no processo eleitoral
A proposta sugere mudanças importantes nas regras eleitorais. O mandato para presidente passaria a ter quatro anos, em vez de três. Segundo Fernando, que também faz parte do coletivo, com um período muito curto de presidência “fica difícil” manter uma organização duradoura. “Quando você mantém um período um pouco maior, consegue ter mais tempo para colocar as ideias em prática.”
Além da mudança na duração do mandato, a proposta também sugere que o tempo mínimo de associação exigido para votar caia de cinco para dois anos, enquanto a idade mínima para exercer o voto seja reduzida para 16 anos: “A gente também trouxe a diminuição da idade para 16 anos, que é a idade mínima para votar no Brasil”, acrescentou Fernando. Outra modificação está no prazo para regularização financeira dos sócios inadimplentes, que passaria de dois para seis meses antes do pleito.
Conselhos
O projeto inclui eleições para o Conselho de Orientação (CORI), o Conselho Fiscal e a Comissão de Ética e Disciplina. Além disso, estabelece que um mesmo associado não possa disputar mais de um desses cargos ao mesmo tempo, evitando acúmulo de funções.
Atualmente, os membros do Conselho Deliberativo são eleitos por meio de chapas fechadas. A proposta prevê a substituição desse modelo por um sistema de voto proporcional com candidaturas individuais, ampliando a possibilidade de diferentes correntes serem representadas.
Criação da categoria “Associado do Futebol”
A nova modalidade de sócio teria direito a voto e participação política, mas não acesso à área social do clube. A mensalidade seria mais acessível, com possibilidade de migrar para outras categorias de forma simplificada.
Inclusão de torcedores de fora de São Paulo
Na proposta, ainda está prevista a reserva de 400 ingressos por partida na Arena Corinthians para associados que vivem em outros estados. A ideia é facilitar o acesso desse público aos jogos. Para Fabio, é justo que “tenha uma categoria que conceda os direitos políticos, porque todo mundo quer participar, mas também é necessário institucionalizar uma competição entre quem mora fora de São Paulo. Seria um meio de tornar o clube mais nacional e possibilitar o acesso de pessoas que nunca vão à arena”.
Fortalecimento do futebol feminino
O departamento feminino teria orçamento próprio e garantias para sua existência permanente. As contas dessa área seriam apresentadas separadamente das demais finanças do clube. Fabio acredita que essa ideia “é um reconhecimento” que precisa acontecer com relação ao futebol feminino. “O que a gente não vê hoje, né? Não há uma estrutura clara, por exemplo, de quanto é o balanço do futebol feminino.”
Portal da Transparência
A medida cria um espaço online para disponibilizar informações financeiras, orçamentárias e administrativas do clube. Seriam divulgados dados de interesse público, preservando informações estratégicas que possam afetar negociações.
Com a proposta (que pode ser conferida neste link: formalizada e o apoio sendo articulado entre torcedores e associados, o Coletivo Voz Corinthiana aguarda os próximos desdobramentos no Conselho Deliberativo. A expectativa é de que as sugestões sejam analisadas e possam contribuir efetivamente para a modernização do estatuto do clube.
*Os entrevistados pediram para serem identificados somente pelo primeiro nome
Fonte: Jovem Pan Read More