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As cenas do bombardeiro B2 passando sobre Donald Trump e Vladimir Putin rodaram o mundo como um dos pontos altos do encontro que reuniu os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia no Alasca nos últimos dias. Em geopolítica, tudo é simbolismo, e no Alasca não foi diferente. Do moletom da antiga União Soviética utilizado pelo chanceler russo Serguei Lavrov ao aperto de mão mais do que apertado do presidente Trump, passando pela própria escolha do local do encontro: o Alasca, território que a Rússia vendeu aos Estados Unidos em 1867.
No cardápio do encontro, o prato principal foi a redefinição das regras do jogo global. Mais do que discutir sanções ou a guerra na Ucrânia, Trump e Putin parecem buscar um novo arranjo de poder, uma tentativa de reorganizar as esferas de influência num momento em que a ordem que conhecemos parece estar ruindo – assim como ruiu o muro de Berlin em 1989, dando origem ao mundo como conhecemos hoje.
O pano de fundo dessa aproximação é claro: a ascensão da China, uma União Europeia convalescente e cada vez mais burocrática, os BRICs se rebelando contra o dólar e se aliando pouco a pouco com os chineses. Tanto Washington quanto Moscou sabem que o protagonismo chinês vem alterando o equilíbrio geopolítico estabelecido nas últimas décadas. Ao se encontrarem em solo gelado, Trump e Putin enviam uma mensagem ao mundo: diante da expansão dos tentáculos políticos de Pequim, um eixo pragmático entre EUA e Rússia parece mais tão improvável quanto pareceria nos anos 90, quando a antiga União Soviética se esfacelou em pequenas repúblicas e a pax americana prevaleceu.
A história mostra que esse tipo de movimento não é incomum: nos anos 1970, Henry Kissinger, o secretário de estado americano pai da “realpolitik” – a política conduzida de forma pragmática, pensando nos objetivos finais e menos na ideologia – foi responsável por costurar os laços entre Washington e Pequim, alterando para sempre a lógica da Guerra Fria. O pano de fundo era a ruptura entre China e União Soviética na década anterior, que abriu espaço para que os Estados Unidos explorassem essa fissura. Kissinger percebeu a oportunidade de se aproximar de Pequim para enfraquecer Moscou, preparando a histórica visita de Richard Nixon em 1972 e o Comunicado de Xangai, que redesenhou o tabuleiro global.
Hoje, meio século depois, estamos vendo uma movimentação das placas tectônicas da geopolítica mundial que podem formar um novo “Himalaia”, digno de redefinir a ordem global como conhecemos até aqui. O aperto de mão entre Trump e Putin no Alasca pode não ter o mesmo impacto imediato do encontro de Nixon com Mao em Xangai, mas marca um gesto que vai repercutir na estratégia e nos próximos passos de Pequim, Bruxelas e do Oriente Médio. Não por acaso, nesta semana também ocorreu uma reunião de emergência entre os ministros de relações exteriores dos países da União Europeia.
Para compreender os significados por trás dessas cenas, e o que elas dizem sobre o futuro do Brasil, é preciso ouvir quem estuda esses movimentos de perto. No próximo dia 11 de setembro, no Teatro Vibra, em São Paulo, o Fórum Caminhos da Liberdade trará ao público a oportunidade rara de acompanhar Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos Brics e um dos maiores especialistas do país em geopolítica. Normalmente, debates dessa envergadura ficam restritos a cúpulas de governo ou conselhos de multinacionais. O Fórum, no entanto, abre esse acesso a todos, permitindo que o público compreenda de forma direta e qualificada como o novo mundo que Trump e Putin querem construir pode afetar cada um de nós.
Fonte: Noticias ao Minuto Read More