Brasil pode ser protagonista da reindustrialização com a mudança das relações comerciais, diz Paulo Guedes
O ex-ministro da Economia Paulo Guedes defendeu a capacidade brasileira de ser protagonista do processo de reindustrialização mundial, com base na sua capacidade de gerar energia limpa e barata. Durante participação em evento fechado promovido pela G4 Educação, acompanhado pelo site da Jovem Pan, ele analisou que o mundo passou por anos de prosperidade econômica no período pós-guerra, enquanto o Brasil se encontrava “na clínica de reabilitação” e lidava com recessão, escândalos de corrupção e alta da inflação. Contudo, após o país se recuperar, a maré virou quando todas as nações precisaram enfrentar a pandemia do coronavírus e viram irromper conflitos no Oriente. Guedes avaliou que, durante este período, o Brasil demonstrou uma grande capacidade de improvisação e inovação. O economista complementou que os conflitos internacionais e o rompimento das cadeias produtivas representam uma oportunidade para o Brasil, uma vez que países tendem a se blindar as incertezas geradas pelos confrontos e buscar manter relações comerciais apenas com países próximos e aliados. “Nós estamos perto de diversos países importantes economicamente e somos amigos. Além disso, somos verdes. Temos a matriz energética mais limpa do mundo. Nós podemos fazer a reindustrialização do mundo em bases acessíveis. Todo mundo usa muita energia. E quem tem energia barata? Quem tem 85% da energia limpa e barata? Eólica, solar e hidráulica? O Brasil. Nós podemos fazer a descarbonização produtiva”, ressaltou.
Ele afirmou que a nação brasileira tem capacidade de atender as demandas mundiais em produção industrial com base verde em diversos setores. O ex-ministro também pontuou que o mundo já enxerga o Brasil como protagonista da segurança energética e alimentar do mundo, particularmente para o mercado europeu. Como exemplo das mudanças das relações comerciais mundiais, Paulo Guedes citou que os Estados Unidos aumentou a importação de semicondutores produzidos no México, buscando quebrar a dependência da China. Com isso, pela primeira vez na história, neste ano as exportações do México para os EUA foram superiores às provindas da China. Dessa forma, a nações norte-americana evita ficar vulnerável a uma interrupção de abastecimento por conta de conflitos.
Do lado oriental do continente, a Europa deve se voltar para a Índia para garantir o funcionamento de suas cadeias produtivas. “O Ocidente despertou. Lá fora, o negócio não está simples, a inflação subiu e acabou essa arbitragem de trabalho barato. Vai ter uma reconfiguração das cadeias produtivas, um redesenho. Isso cria um enorme desafio, mas também uma oportunidade para quem não estava integrado. E nós não estávamos. Essa é uma oportunidade de nos encaixar. Nós temos tudo para nos encaixar porque somos um país que tem energia barata e limpa. É só não tropeçar em nós mesmos”, finalizou.
Fonte: Jovem Pan Read More