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A decisão de PP e União Brasil de desembarcar do governo Lula abriu um novo capítulo de tensão em Brasília. A federação formalizou a saída nesta semana e determinou que todos os filiados entreguem seus cargos. A leitura imediata da imprensa foi de ruptura total, mas, como costuma acontecer na política, o movimento tem prazos regimentais e nuances que valem ser observadas.
Há, oficialmente, um período de 30 dias para que ministros e indicados se desliguem de suas funções. Isso significa que a data-limite para o desembarque efetivo seria o dia 30 de setembro. Até lá, o Planalto busca ganhar tempo e reduzir danos. Não à toa, o presidente Lula promoveu nesta quarta-feira (3) um almoço no Alvorada com os ministros da federação e com Davi Alcolumbre. A cena é emblemática: de um lado, o governo tenta preservar quem considera estratégico; de outro, a federação pressiona pela saída imediata e pelo cumprimento rígido da decisão.
O caso mais delicado é o do ministro do Turismo, Celso Sabino. Ele está à frente de frentes consideradas vitais para o governo: é quem articula a logística do turismo e da rede hoteleira para a COP30, que acontece em novembro em Belém, além de ser o responsável por resultados expressivos no setor turístico desde que assumiu a pasta. Por isso, sua permanência virou ponto de atrito. No Planalto, a avaliação é positiva: Sabino elevou o protagonismo do ministério, entregou números consistentes e se tornou peça-chave na preparação da COP. Para setores do governo, substituí-lo às vésperas do evento traria mais problemas do que soluções.
Nos bastidores, chegou-se a ventilar a possibilidade de uma licença partidária como saída de compromisso. A ideia, no entanto, não foi aceita pela federação, que insiste na saída de todos os seus quadros. A pressão ganhou ainda mais força após a entrevista de ACM Neto à Jovem Pan durante o programa “Tempo Real” desta quarta-feira, em que o ex-prefeito de Salvador defendeu que não há espaço para permanência de qualquer integrante do União Brasil no governo. A fala soou como linha-dura e foi rebatida discretamente por interlocutores próximos a Sabino, que enxergam margem para uma transição menos abrupta diante do calendário da COP.
A movimentação também abriu espaço para especulações sobre o futuro político de Sabino. Nas últimas 24 horas, ao menos dois partidos sondaram o ministro, embora ele não tenha revelado quais. Negou apenas a hipótese de ingressar no MDB, como chegou a ser ventilado em Brasília. Uma possibilidade concreta é a construção de sua candidatura ao Senado em 2026. No Pará, Sabino preside o União Progressista, soma protagonismo nacional com a COP e se fortalece no cenário local.
O governo, portanto, está diante de um dilema. A saída de André Fufuca do Esporte é tratada como praticamente certa. Já o caso de Celso Sabino transformou-se em moeda de negociação: mantê-lo pode desagradar à federação, mas retirá-lo pode trazer prejuízo à imagem do país em um momento em que a atenção internacional estará voltada para a Amazônia. O “fator Sabino” será decisivo para medir até que ponto o Planalto está disposto a enfrentar a pressão de PP e União Brasil.
No fim das contas, o desembarque da federação tem menos de ruptura imediata e mais de construção narrativa. O prazo de 30 serve de escudo, o governo aposta na agenda positiva da COP e o tabuleiro paraense dá a Sabino mais margem de manobra do que os caciques nacionais gostariam de admitir. Até o fim de setembro, o jogo ainda está aberto.
Fonte: Jovem Pan Read More