Debate sobre regulamentação de cigarros eletrônicos avança no Senado com foco no combate ao mercado ilegal

Debate sobre regulamentação de cigarros eletrônicos avança no Senado com foco no combate ao mercado ilegal

O debate sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil ganha cada vez mais força, à medida que o Projeto de Lei (PL) 5.008/2023 avança no Congresso Nacional. A proposta busca autorizar a produção, comercialização, importação e uso desses dispositivos, além de estabelecer regras para controle, fiscalização e propaganda. Apesar de proibidos no país, os vapes são amplamente consumidos, sobretudo no mercado ilegal, o que impulsiona a necessidade de uma regulamentação para garantir maior segurança e controle sobre o uso. O projeto, de autoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), está atualmente na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e deverá voltar à pauta em novembro, após o calendário eleitoral. Entre as principais medidas previstas está a aplicação de multas que variam de R$ 20 mil a R$ 10 milhões para quem comercializar os dispositivos a menores de 18 anos, além da exigência de registro dos produtos junto à Anvisa, Receita Federal e outros órgãos como o Inmetro e Anatel.

A regulamentação dos cigarros eletrônicos é vista por especialistas e parlamentares como uma forma de combater o mercado ilegal e proteger a população, especialmente os jovens. De acordo com dados do IBGE, 22,7% dos adolescentes brasileiros já experimentaram cigarros eletrônicos. Para Lauro Anhezini Junior, conselheiro da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), a atual proibição é “ineficaz”, pois não impede que produtos sem controle de qualidade ou sanitário sejam amplamente vendidos no país. “O que temos no Brasil hoje são produtos ilegais, sem qualquer tipo de fiscalização, e que colocam em risco a saúde dos consumidores, principalmente dos adolescentes”, ressalta.

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Anhezini compara a situação brasileira com a de outros países, como os Estados Unidos, onde a criação de normas rigorosas reduziu o consumo entre jovens. “Nos Estados Unidos, após a criação de regras claras, o uso de cigarros eletrônicos por adolescentes caiu de 27,5% em 2018 para 5,9% em 2024. Isso demonstra como a regulamentação pode trazer um cenário mais seguro e controlado para os consumidores”, afirmou. A discussão sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil envolve não apenas questões de saúde pública, mas também econômicas. A Receita Federal, que já se posicionou sobre o tema, estima que a liberação controlada desses dispositivos poderia gerar uma arrecadação de até R$ 700 milhões ao ano. No entanto, há divergências sobre o impacto dessa medida. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsável pelo combate ao contrabando, argumenta que a liberação não necessariamente reduziria o contrabando, da mesma forma que a venda legal de cigarros tradicionais não eliminou o comércio ilegal.

Fonte: Observatório da Oposição

Apesar das divergências, a pressão por uma regulamentação cresce, impulsionada tanto por setores da saúde quanto pela indústria do tabaco. A regulamentação, segundo Anhezini, “permitiria um maior controle sobre a qualidade dos produtos, diminuindo os riscos à saúde e protegendo, sobretudo, os jovens brasileiros que têm fácil acesso aos produtos ilegais”. O tema ainda divide opiniões entre os parlamentares, mas há um consenso de que medidas precisam ser adotadas para proteger a população, especialmente os menores de idade. A expectativa é que o debate avance nas próximas comissões do Senado, incluindo a Comissão de Assuntos Sociais, responsável pela análise das implicações de saúde pública, e a Comissão de Defesa do Consumidor.

Fonte: Jovem Pan Read More