Pesquisa revela crise de saúde mental entre policiais civis de São Paulo

Pesquisa revela crise de saúde mental entre policiais civis de São Paulo

Uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) revelou um dado preocupante sobre a saúde mental dos profissionais da segurança pública. De acordo com o levantamento, quatro em cada dez delegados buscaram ajuda em saúde mental desde o início da carreira. O estudo, conduzido pelo Instituto Datapim, ouviu 711 delegados, tanto da ativa quanto aposentados, entre os dias 1º e 10 de abril de 2024. Dos entrevistados, 40% afirmaram ter procurado apoio médico para questões relacionadas à saúde mental, enquanto 3% preferiram não responder. Entre aqueles que buscaram ajuda, 79% disseram ter consultado psicólogo, terapeuta ou psiquiatra, e 69% recorreram a medicamentos para tratar ansiedade, depressão ou outras condições psiquiátricas.

Além disso, o estudo apontou que 73% dos delegados relatam sentir cansaço, 64% mencionaram estresse e 49% afirmaram conviver com nervosismo no dia a dia. A presidente do Sindpesp, delegada Jacqueline Valadares, destacou a necessidade de o Estado implementar políticas públicas para a proteção da saúde mental desses profissionais. Segundo ela, os policiais enfrentam uma combinação de riscos, baixa remuneração e carga excessiva de trabalho, o que pode culminar em situações extremas, como o suicídio.

O alerta de Valadares encontra respaldo no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que mostrou que, em 2023, pela primeira vez, o número de suicídios entre policiais civis e militares superou as mortes em confrontos. Foram 110 suicídios de agentes da ativa contra 107 mortes em combate, sendo 46 durante o trabalho.

A delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp (Divulgação)

Reivindicações da categoria

A pesquisa do Sindpesp também revelou as principais demandas dos delegados paulistas. A implementação de um auxílio-saúde é uma das maiores reivindicações, ocupando a terceira posição entre as prioridades que, segundo os delegados, o governo estadual deveria atender. Jacqueline Valadares questiona a ausência deste benefício para os policiais civis, destacando que outras categorias, com menor exposição ao risco e à violência, já contam com essa indenização.

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Além do auxílio-saúde, os delegados também pedem reajuste salarial. São Paulo ocupa a 22ª posição no ranking nacional de remuneração para delegados, considerado um dos piores salários do país. Outra demanda urgente é a contratação de mais profissionais, já que, apesar da nomeação de 4.017 novos agentes em maio de 2024, o déficit na Polícia Civil paulista ainda é de 14,3 mil agentes​

Publicada por Felipe Cerqueira

Fonte: Jovem Pan Read More