‘Deslocamentos são para evitar danos’, diz embaixador de Israel sobre ordem de saída dos civis na Faixa de Gaza
O Exército de Israel emitiu um aviso nesta quinta-feira, 12, no qual ordena que os moradores do norte da Faixa de Gaza se desloquem para o sul da região em até 24 horas. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o porta-voz do exército afirmou que a “evacuação é para a própria segurança” dos habitantes e recomendou que as pessoas só voltem quando o governo israelense permitir. A expectativa é de que Israel faça um ataque por terra em Gaza. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, defendeu que a medida serve para mitigar danos colaterais: “Ainda temos bombardeios da Faixa de Gaza contra Israel, contra cidades e áreas em Israel. Nós tentamos evitar estes lançamentos de lá e Israel está atuando contra as forças do Hamas dentro da Faixa de Gaza. Nesse sentido, os deslocamentos são para evitar danos às pessoas não envolvidas, civis e palestinos que estão lá e não estão envolvidos na guerra. A ideia é diminuir os danos e vítimas entre eles. Por causa disso, pedimos que eles saiam de lá para o sul da Faixa de Gaza, fora do foco da guerra neste momento”.
Em comunicado, o porta-voz da ONU (Organização das Nações Unidas), Stephane Dujarric, alertou ser impossível que uma evacuação desse porte ocorra sem consequências humanitárias devastadora. O representante ainda apelou veementemente para que qualquer ordem desse tipo por parte de Israel, se confirmada, seja revogada, evitando que poderia, segundo ele, “transformar o que já uma tragédia em uma situação calamitosa”. Nesta sexta-feira, 13, aviões do exército israelense despejaram milhões de panfletos em árabe sobre a região com a ordem é para que os mais de um milhão de habitantes do norte de Gaza se desloquem para o sul, em meio ao intenso bombardeio em represália pelos ataques do Hamas. Apesar da expectativa de operações israelenses por terra, o embaixador no Brasil destaca que isto ainda é incerto: “Nós não revelamos os planos militares a frente e eu também não sei exatamente o que vai acontecer, não me disseram. Mas, essa é uma opção, uma possibilidade. Não temos intenções de dominar a Faixa de Gaza, não temos intenções de anexar a Faixa de Gaza”.
“Temos que verificar qual a ideia do Hamas, que pode atacar Israel de maneira tão cruel, em um amplo ataque. Isso não pode acontecer mais, tem preços que não valem a pena repetir. Temos algumas maneiras de passar essa mensagem, infelizmente nem todas são maneiras diplomáticas”, declarou. Nesta sexta, a ONU afirmou que tanto Israel, quanto o movimento islâmico Hamas, estão cometendo crimes de guerra. A respeito desta declaração, Zonshine ressaltou que as agressões não foram iniciadas pelos israelenses: “Não há massacre da população civil palestina, estamos em uma guerra. Uma guerra que não começamos, não queríamos e não iniciamos, uma guerra que o Hamas iniciou e começou. O fato de que o Hamas iniciou essa guerra por dentro da população civil mostra algumas coisas. Uma coisa é que isso é a contra a lei internacional, mas também mostra que eles não têm nenhum interesse na vida dos palestinos, pelo contrário, para eles quanto mais palestinos mortos é bom, para mostrar as vítimas. Nós não temos nenhuma intenção de matar civis, nós estamos em guerra contra o Hamas, o movimento terrorista”.
O embaixador de Israel no Brasil ainda lamentou que o Hamas atue por dentro da população palestina, o que causa danos diretos aos civis. “Mas Israel não pode sentar e não reagir porque o Hamas escolheu e começou essa guerra por dentro da população civil. Nós lamentamos todas as vítimas, mas não podemos evitar atuar contra as fontes de guerra e fogo contra Israel. Essa é a realidade da guerra que estamos desde sábado”, argumentou o diplomata. Daniel Zonshine ainda analisou o papel de outros atores dentro do conflito, como o grupo Hezbollah e o Irã: “Isso é uma coisa que nos preocupa. O Hezbollah, organização terrorista assentada no Líbano, é mais forte do que o Hamas. Nós passamos mensagens para eles, para o governo do Líbano, de que a responsabilidade do que acontece no Líbano é deles. Passamos a mensagem para que, por favor, para a sua saúde e bem estar, não entrem em conflito com Israel”.
“Essa mensagem foi bem clara no discurso do presidente americano Joe Biden, quando ele falou para aqueles que pensam que podem utilizar esta oportunidade para abrir uma uma frente contra Israel (…) Quem financia tudo é o Irã, que está olhando. Além de incentivar o Hamas e o Hezbollah com financiamento e treinamento, ele tem os interesses deles no Oriente Médio (…) A mensagem americana foi também direcionada para eles”, explicou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
Fonte: Jovem Pan Read More