Basquete: Jogador do Cerrado diz ter sido vítima de racismo em jogo contra o Minas pelo NBB
O jogador Matheus Santos, do Cerrado, diz ter sofrido racismo durante uma partida contra o Minas Tênis Clube, realizada na semana passada, pelo NBB (Novo Basquete Brasileiro). Após o jogo, o armador Buiú, como é conhecido, registrou um boletim de ocorrência a 2ª Delegacia de Polícia Civil, em Belo Horizonte, contra o argentino Nicolás Copello, da equipe mineira. No documento, o qual o site da Jovem Pan Esportes teve acesso, o atleta afirma que foi xingado de “negro de merda” pelo seu rival. Em comunicado oficial, o Minas afirmou que estará apurando o caso e se opôs a qualquer tipo de discriminação. Já o NBB abriu um protocolo e informou que encaminhará a denúncia para os meios competentes de julgamento na esfera esportiva. Em áudio obtido pela reportagem, Buiú explica o que aconteceu. “No segundo tempo ele já começou a fazer umas coisas, a me agredir com cotoveladas, chutes. Deu um tapa na minha cara durante o jogo. Só que isso não me afeta, não. Continuei jogando, estava determinado a ganhar. Foi rolando o jogo, e ele continuou me batendo, então, eu falei com a arbitragem. Até que ele fez uma falta de ataque, e ele empurrou meu peito com as duas mãos. Depois, o Gui pegou a bola faltando dois segundos para acabar o jogo, sofreu a falta e foi bater o lance livre, aí, ele veio para o meu lado já, para conversar”, começou.
“Ele perguntou o que eu já tinha ganhado na minha vida, o que eu era, onde eu joguei. Aí eu falei: ‘Nada ainda, estou construindo minha carreira, sou novo’. Ele respondeu: ‘Então, cala sua boca, porque você tá falando muito’. Eu respondi: ‘Você fala comigo, eu falo à mesma altura que você. Você me respeita, eu te respeito de volta’. Ele olhou para a minha cara, riu e falou: ‘Negro de m…!’, e saiu com a cara de deboche, totalmente me desrespeitando. Nesse momento eu fui até o árbitro e falei: ‘Não, não dá para continuar o jogo, ele foi racista comigo’. Fui à mesa, parei o jogo, e disse: ‘Que história de lance livre? Você não vai bater o lance livre, o cara foi racista comigo, eu não aceito isso’. Eu já fiquei p… Então, os caras do Minas, o Paranhos e o Gemerson, vieram na minha direção já falando: ‘Ah, ele jamais faria isso’. E ele disse: ‘É, eu tenho amigo preto, não faço isso”. Na hora em que ele falou isso, para mim, como uma pessoa preta que já vivenciou outros casos, é uma confirmação de que a pessoa é racista”, continuou o atleta do Cerrado.
Posicionamento do Cerrado
Comunicado do Minas
Minas repudia todo e qualquer tipo de preconceito
Em relação à denuncia de racismo durante o jogo entre Minas e Cerrado, realizado nesta quarta-feira (6/12), na Arena UniBH, pelo Novo Basquete Brasil – NBB CAIXA, o Minas informa que não tolera e repudia todo e qualquer tipo de preconceito. O Clube está apurando os fatos e se coloca à disposição para contribuir com as investigações. Reitera ainda que, como referência no cenário esportivo e na formação de atletas e cidadãos, sempre se pauta em valores e princípios do esporte e da educação, com cidadania e respeito.”
Posicionamento do NBB
“Posicionamento da Liga Nacional de Basquete sobre caso de racismo na partida entre Minas Tênis Clube e Cerrado Basquete
A Liga Nacional de Basquete vem a público prestar esclarecimentos sobre acusação de ato de racismo durante a partida entre Minas Tênis Clube e Cerrado Basquete, nesta quarta-feira (06/12), na Arena UniBH, em Belo Horizonte.
Durante o jogo, o armador Matheus Santos Neves da Silva (Buiú), do Cerrado, afirma ter sofrido ofensas de cunho racista proferidas pelo armador Nicolás Copello, do Minas. Ao tomar conhecimento do caso, a LNB imediatamente colocou em prática as ações previstas no Protocolo Antirracista do NBB CAIXA.
Este protocolo, conforme informado em reportagem publicada no site oficial da Liga Nacional de Basquete no dia 20 de novembro, está em fase final de aprovação e será submetido aos clubes da LNB para início do treinamento de árbitros e delegados de partida, que serão orientados detalhadamente sobre como proceder em situações de racismo antes durante e depois de jogos organizados pela Liga.
O Protocolo prevê, como primeira ação, o acolhimento do atleta, o que foi feito através de conversa do mesmo com a coordenadora geral do Departamento Técnico da Liga Nacional de Basquete, Lilian Gonçalves. Após a partida e acompanhado por um representante do Cerrado, Matheus Santos foi a uma delegacia policial na capital mineira para realizar boletim de ocorrência.
Após receber o relato formal da vítima, a Liga Nacional de Basquete encaminhará agora a denúncia para os meios competentes de julgamento na esfera esportiva.
A Liga Nacional de Basquete faz questão de destacar que repudia com veemência toda e qualquer forma de discriminação e enxerga sua atuação como parte fundamental nesta batalha que visa reduzir o racismo e construção de uma cultura inclusiva de raça, etnia, gênero, crenças religiosas e orientação sexual.”
Fonte: Jovem Pan Read More