Estudo revela que mais de 47 milhões de brasileiros estão sob vigilância de câmeras de reconhecimento facial

Estudo revela que mais de 47 milhões de brasileiros estão sob vigilância de câmeras de reconhecimento facial

Um estudo realizado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) revelou que cerca de 47,6 milhões de brasileiros estão potencialmente sob vigilância de câmeras de reconhecimento facial em todo o país. Esse número representa aproximadamente um quinto da população brasileira. A pesquisa foi baseada nos locais onde essa tecnologia está sendo utilizada. De acordo com o levantamento, existem pelo menos 165 projetos de videomonitoramento com reconhecimento facial em todo o Brasil. No Sudeste, estima-se que 21,7 milhões de pessoas estejam sujeitas a essa tecnologia, enquanto no Nordeste esse número é de 14,1 milhões. O estudo também revelou a Bahia foi o que mais investiu nessa ferramenta, com um montante de R$ 728 milhões. Goiás concentra o maior número de projetos ativos, totalizando 64, devido à execução da política pelos municípios. A coordenadora do estudo, Thallita Lima, ressaltou a importância de uma regulamentação mais criteriosa e uma reflexão sobre a eficiência do reconhecimento facial antes de sua ampla utilização. Segundo ela, “não há evidências práticas de que essa tecnologia contribua para a redução da violência nos locais onde é empregada”. Além disso, o reconhecimento facial está sujeito a falhas, podendo tanto não identificar suspeitos quanto lançar suspeitas sobre pessoas inocentes.

Thallita também destacou que estudos realizados desde 2018 mostram que as tecnologias de reconhecimento facial são enviesadas e vulnerabilizam principalmente grupos minoritários, como pessoas negras, mulheres negras e pessoas não-binárias. Outro ponto questionado pela pesquisadora é o alto custo necessário para a implantação dessa tecnologia, mesmo em cidades pequenas que não enfrentam grandes problemas relacionados à violência. “A tecnologia de reconhecimento facial, pelos levantamentos, não tem sido eficiente para modificar a experiência da insegurança nas cidades e os indicadores de segurança pública. E é muito cara. Será que vale a pena investir em algo que a gente sabe que não vai dar certo?”, questiona.

 

 

Fonte: Jovem Pan Read More