Morre Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, aos 83 anos
O empresário e escritor Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, faleceu na madrugada desta terça-feira, 19. O filho dele, Sérgio Herz, CEO da Cultura, confirmou a notícia e esclareceu que o pai teve um ataque cardíaco. O velório está marcado para quarta-feira, 20, a partir das 10h, no Cemitério Israelita do Butantã. O sepultamento será ao meio-dia. Pedro Herz nasceu em 1940, em São Paulo, em uma família de judeus alemães refugiados do nazismo. A Biblioteca Circulante, criada em 1947 por sua mãe, Eva, mais tarde se tornaria a Livraria Cultura. A empresa foi para o Conjunto Nacional, na Avenida Paulita, em 1969. Quando Pedro se tornou sócio, a empresa também passou por expansão e chegou a ser uma rede de 18 lojas em todo o país, com um catálogo de cerca de nove milhões de livros, além de vender CDs, DVDs e eletrônicos. A loja principal, no Conjunto Nacional, se transformou em um badalado ponto para lançamentos de livros e encontro de autores.
Em 2001, com o falecimento da mãe, Pedro Herz assumiu os negócios totalmente e enfrentou crises e desafios. Em 2017, a Cultura adquiriu a operação brasileira da Fnac, mas em 2018 entrou em recuperação judicial, reportando uma dívida de R$ 285 milhões. No ano passado foi decretada a falência da Cultura, com autorização de despejo do Conjunto Nacional, por aluguéis atrasados, mas a empresa alega que o fechamento da loja prejudicaria sua recuperação econômica. Pedro escreveu em parceria com Laura Greenhalgh uma autobiografia chamada ‘O livreiro’. “Sua paixão pela leitura e seu compromisso em tornar os livros acessíveis a todos deixaram uma marca indelével na comunidade literária e além”, escreveu a família no comunicado do falecimento. Livreiros, amigos e colegas do mundo dos livros lamentaram a perda e comentaram a importância de Pedro Herz. Samuel Seibel, dono da Livraria da Vila, declarou que Pedro foi “o maior inovador do negócio ‘livraria’”. “Para mim, foi um modelo, um exemplo como pessoa, como livreiro, para minha formação”, disse. “Ele contribuiu demais para o aspecto da livraria como um local de grande bibliodiversidade, na exposição dos livros, na ambientação, no acolhimento. Acho que ele sempre teve uma preocupação na formação de bons livreiros, no atendimento. Eu estou bastante tocado. Acho que é uma perda muito grande”, completou. Para Rui Campos, dono da Livraria Travessa, Pedro era “o cara, o livreiro”. “A Livraria Cultura era a nossa maior referência, nosso modelo”, conta. “Era muito inovadora, era incrível. Eu conheço livrarias do mundo inteiro e não conheço nenhuma melhor que a Cultura naquela época. E quem estava na frente era o Pedro”. “Eu tinha muita admiração por ele. Ele era uma figura controversa, tinha aquele jeito dele, mas ao mesmo tempo era isso que fazia ele ser uma referência. Todo mundo se orgulhava em dizer que era amigo do Pedro. É uma grande perda.”
“Pedro foi um livreiro raiz”, ressaltou Marcus Teles, presidente da Livraria Leitura. “Jamais esqueceremos suas realizações com aquela loja, que, sem dúvida, era a melhor do país e uma das melhores do mundo. Sua partida representa uma perda imensa para o mercado. Apesar dos desafios que a rede enfrentou recentemente, seu mérito permanece inabalável. E o que o Pedro trouxe e construiu vai ficar para sempre como exemplo para o mercado brasileiro.” O professor e deputado estadual Eduardo Suplicy também se pronunciou. “Expresso meus sentimentos aos familiares e amigos do empresário e escritor Pedro Herz, que transformou o varejo de livros no Brasil. A Livraria Cultura de São Paulo ajudou a formar muitas gerações de leitores”, escreveu. “Eu não poderia ter admirado mais a Livraria Cultura enquanto o Pedro Herz esteve sozinho à sua frente”, disse Alexandre Martins Fontes, editor, livreiro e diretor-executivo da WMF Martins Fontes. Aprendi muitíssimo com ele. Sempre o respeitei e o admirei como profissional e como pessoa.”
Publicado por Heverton Nascimento
*Reportagem produzida com auxílio de IA
Fonte: Jovem Pan Read More