Dólar tem queda moderada e fecha a R$5,40, apesar de ruído fiscal doméstico
Investidores trabalham na expectativa em torno da magnitude do bloqueio ou contingenciamento que será divulgado no relatório bimestral de receitas e despesas no próximo dia 22. Há ainda dúvidas sobre o acordo entre governo e Senado em relação às medidas de compensação da desoneração da folha de pagamentos. Com o mercado de câmbio já fechado, saiu a notícia de que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), vai pedir ao Supremo Tribunal Federal que a desoneração seja prorrogada até 30 de agosto.
Segundo trechos da entrevista que será exibida hoje à noite pela TV Record divulgados preliminarmente pelo portal R7, o presidente Lula disse que ainda precisa ser convencido de que é preciso cortar gastos e que não há problema em déficit ser zero, 0,1% ou 0,2% do PIB, “Você não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la se você tiver coisas mais importantes para fazer”, disse Lula, ponderando que a meta fiscal não foi descartada.
“Foi uma fala dentro do padrão Lula, de que não vai cortar dos pobres para cumprir a meta. Mas ele também disse que tem compromisso com o arcabouço. O mercado vai aguardar o relatório bimestral no dia 22 para ver exatamente qual é a posição do governo”, afirma o diretor de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, que vê espaço para queda adicional do dólar. “Se o governo indicar corte de despesas e se confirmar a redução de juros nos EUA em setembro, acredito em taxa de câmbio entre R$ 5,30 e R$ 5,35”, afirma.
Em seguida, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, veio a público para tentar acalmar os ânimos. Haddad disse que a divulgação da fala de Lula se deu de forma “descontextualizada” e reiterou que a recomendação do presidente é o cumprimento das metas fiscais. O ministro disse que “possivelmente” haverá bloqueio e contingenciamento no anúncio do relatório bimestral.
À tarde, em evento em Anápolis (GO), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que questões domésticas contribuíram para o real apresentar recentemente desempenho pior que de seus pares, sem mencionar explicitamente o tema fiscal ou os ataques de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – rondava a estabilidade no fim da tarde, na casa dos 104,200 pontos, após trabalhar em leve alta ao longo do dia. Já as taxas dos Treasuries caíram em bloco, com o retorno da T-note de 10 anos na casa de 4,16%. Dados mais fortes que o esperado das vendas no varejo nos EUA em junho não esfriaram as apostas em corte de juros pelo Fed em setembro e redução total de 75 pontos-base em 2024.
O economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, lembra que ontem o presidente do Fed, Jerome Powell, sugeriu em sua fala que o “início de afrouxamento monetário” está mais próximo, o que contribuiu para a continuidade do movimento de apreciação do real hoje. “Na quinta-feira, temos a divulgação de pedidos iniciais de seguro-desemprego nos EUA, que poderá oferecer insights sobre a resiliência ou desaceleração do mercado de trabalho, influenciado a possibilidade de cortes de juros em setembro”, afirma Galhardo.
Fonte: Jovem Pan Read More