‘China é grande parceiro comercial, mas queremos nos aproximar de UE e EUA’, diz Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou, nesta quarta-feira (24), que o Brasil vai manter as fortes relações com a China, mas que busca uma aproximação com a União Europeia, por meio do acordo comercial com o Mercosul, e também com os Estados Unidos. Ele fez a declaração durante rápida conversa com jornalistas após participar de um evento paralelo ao grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), no Rio. Pela manhã, ele se reuniu com a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen. Haddad adiantou que os dois deverão fazer um anúncio sobre uma aproximação dos dois países em relação à transformação ecológica e transição energética. “Nós temos insistido com os Estados Unidos que uma cooperação técnica entre os países que lideram a produção de energia limpa no mundo, e podem fazer um intercâmbio tecnológico para acelerar a transição energética, seria muito benéfico para a região”, afirmou.
O ministro ressaltou que o continente americano é muito rico em minerais críticos. “Nós temos todas as condições de promover uma transformação ecológica mais acelerada em relação às outras regiões do mundo. E isso deveria ser utilizado em benefício de um maior intercâmbio comercial, de investimentos e serviços entre os nossos países”, considerou.
Haddad destacou que não existe transformação ecológica sem novos instrumentos financeiros. “A começar dos green bonds, por exemplo, que a gente já lançou. Aliás, o Brasil ganhou até um prêmio internacional pela qualidade das emissões que vem fazendo”, enfatizou. “Você tem um mercado de carbono que está para ser estabelecido em escala global”, mencionou.
Ele disse, porém, que nas conversas com o governo americano não são tratadas apenas questões financeiras. “Nós estamos também tratando da questão comercial, tecnológica e até geopolítica. Porque da mesma maneira que o presidente Lula tem dito que a China é e continua sendo um grande parceiro comercial do Brasil, nós temos sim a intenção de nos aproximar da Europa, sobretudo em relação ao acordo União Europeia e Mercosul. E também estabelecemos uma relação mais estreita nesse momento com os Estados Unidos”, detalhou.
“Não estamos jogando numa trilha só. Nós estamos procurando as parcerias que consolidem as vantagens competitivas que o Brasil tem na área.” Haddad relatou que a cooperação internacional de tributação, que está em discussão na trilha financeira do G20, não foi um tema da reunião com Yellen. “Isso está sendo tratado no âmbito das equipes técnicas. Na minha opinião está avançando bem. Eu tenho algum otimismo em relação a uma declaração conjunta dos 20 países”, afirmou. “Tem havido interesse crescente no tema, justamente em virtude das necessidades globais e novas fontes de financiamento para enfrentar a fome, mudança climática e temas correlatos”, elencou.
Mudanças climáticas
O ministro da Fazenda aproveitou mais uma vez a oportunidade para defender uma reforma nos organismos multilaterais. Desta vez, ele citou a importância dessas instituições no financiamento das ações para mitigar as mudanças climáticas. Haddad falou sobre o tema durante o evento “COP28-G20 Brazil Finance Track Event: Tornando o financiamento sustentável disponível e acessível”, que ocorre em um hotel na orla de Copacabana, no Rio. “Um dos pilares é o fortalecimento de instituições financeiras de desenvolvimento”, argumentou.
Além disso, o ministro salientou que engajar o setor privado nessa captação de recursos é essencial. “O G20 e a COP ressoarão globalmente e serão legados para futuras gerações. Mobilizar financiamento massivo para desafios climáticos é tema não só oportuno, mas crucial”, disse, acrescentando que este é um dos desafios mais urgentes dos tempos atuais e citando a tragédia no Rio Grande do Sul. Haddad comentou que o Plano de Transformação Ecológica é o compromisso do governo brasileiro para o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris. “Mas a mudança climática é desafio global e requer resposta global”, ressaltou.
O ministro também acredita que é importante que outros países adotem em conjunto novos mecanismo de hedge cambial, como faz o Brasil atualmente com o EcoInvest, pois essas ferramentas tendem a aumentar a atração de financiamentos para projetos sustentáveis. “À medida que mergulhamos nessas discussões, lembramos que os esforços não são apenas para mitigar riscos climáticos”, disse, complementando que também é possível ir atrás de oportunidades. O Brasil, conforme o ministro, se une ao quadro global de financiamento climático. “É preciso tornar o financiamento climático mais disponível e acessível a todos.”
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira
Fonte: Jovem Pan Read More