Em entrevista a Musk, Trump defende deportação em massa e planeja voltar a local que sofreu atentado
Em uma conversa de mais de duas horas, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump concedeu uma entrevista ao bilionário Elon Musk, dono da rede social X, na noite desta segunda-feira, 12, em uma tentativa de ampliar seu alcance na corrida eleitoral. Falhas técnicas provocaram um atraso de 40 minutos no encontro virtual, que oficializou o retorno de Trump à plataforma, da qual havia sido banido após a invasão do Capitólio. Mais de 30 minutos após o horário de início previsto, muitos usuários ainda recebiam mensagens de erro e não conseguiram acessar a entrevista, realizada no “Spaces”, o recurso de transmissão ao vivo de áudio dentro da rede social. A equipe de Trump postou que a “entrevista no X está sendo sobrecarregada com ouvintes tentando acessar”, mas Musk disse que a plataforma estava sob um ataque cibernético “massivo”.
“Se eu não tivesse virado a cabeça, não estaria falando com você agora — por mais que eu goste de você”, disse Trump a Musk ao iniciar a conversa, relembrando a tentativa de assassinato que sofreu em 13 de julho. Trump mostrou pouca novidade sobre os planos para um segundo mandato. Ao longo da conversa, marcada por elogios recíprocos, o republicano repetiu a Musk frases já conhecidas de seu discurso de campanha, incluindo ataques a Joe Biden por permitir a guerra em Gaza e na Ucrânia e sua insistência de que os Estados Unidos eram melhores quando ele era presidente. Trump também atacou sua rival, Kamala Harris, e Biden pelas políticas de imigração que ele caracterizou como frouxas.
“Você tem milhões de pessoas chegando em um mês. E elas têm mais 5 meses”, declarou. A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, porém, relatou 7,1 milhões de prisões por travessias ilegais do México entre janeiro de 2021 e junho de 2024. São prisões, não pessoas. O governo americano disse que parou migrantes 1,1 milhão de vezes em travessias terrestres oficiais com o México entre janeiro de 2021 e junho de 2024. Musk criticou imigrantes ilegais, mas disse que acredita que a maioria deles não são “ruins”. Trump respondeu concordando, “cem por cento”. No entanto, o candidato republicano já difamou imigrantes sem documentos durante sua campanha, dizendo, sem evidências, que países estavam enviando em massa para os Estados Unidos imigrantes vindos de presídios e hospícios.
Durante a conversa, o político acolheu a ideia de Musk se juntar a um futuro governo para ajudar a cortar desperdícios do governo. Musk se ofereceu para participar de uma possível “comissão de eficiência governamental”, quando sugeriu a Trump que Washington tem gastos em excesso. O republicano pareceu gostar da ideia, chamando o bilionário de “o maior cortador”, em uma aparente referência a demissões em massa que Musk já fez em suas empresas. Trump ainda suavizou suas críticas aos veículos elétricos, citando a liderança de Musk na Tesla. “Você realmente faz um ótimo produto. Tenho que dizer, tenho que ser honesto com você. Isso não significa que todo mundo deveria ter um carro elétrico, mas esses são detalhes menores, mas seu produto é incrível”, disse Trump.
Em dado momento, os dois pareceram discordar sobre energia renovável. Enquanto Musk defendeu que combustíveis fósseis são finitos, Trump respondeu o bilionário dizendo que as fábricas que produzem seus Teslas dependem desse combustível: “Ouvi falar em termos de combustível fóssil, porque até mesmo para criar seu carro elétrico e criar a eletricidade necessária para o carro elétrico, você sabe, o combustível fóssil é o que realmente cria isso nas usinas geradoras… então você meio que não consegue fugir disso neste momento.”
Horas antes de sua entrevista com Musk, Trump postou um vídeo em sua conta no X, com cenas de seu tempo no cargo, além de um áudio em que ele repete uma de suas frases de campanha, referindo-se aos processos legais que se acumularam contra ele: “Eles não estão vindo atrás de mim, eles estão vindo atrás de você, e eu só estou no caminho deles, e nunca sairei do caminho.” Em maio de 2023, o governador da Flórida, Ron DeSantis, usou a plataforma para anunciar oficialmente sua candidatura à presidência, em um lançamento desastroso marcado por falhas técnicas, sobrecarregado pelos mais de 400 mil participantes que tentaram acessar. Na época, Trump comemorou quão “desastroso” tinha sido
*Com informações do Estadão
Publicado por Marcelo Bamonte
Fonte: Jovem Pan Read More