Por que a esquerda é a grande perdedora da eleição municipal?
Nas eleições municipais de 2024, há um grande perdedor: a esquerda. Embora o PT tenha crescido em número de prefeituras, de 178 (2020) para 248 (2024), ainda é muito pouco para o partido que tem a Presidência da República. No balanço geral, o PT ficou atrás em número de prefeituras do PSD (878), MDB (847), PP (743), União Brasil (578), PL (510), Republicanos (430), PSB (309) e até do PSDB (269).
O baixo desempenho da esquerda está ligado a inúmeros fatores. No caso do PT especificamente, a falta de surgimento de outros nomes fortes dentro do partido explica em parte o fenômeno. Por enquanto, o PT sobrevive na figura do presidente Lula – hoje bem mais enfraquecido politicamente em comparação a mandatos anteriores.
Evidentemente, um não crescimento robusto da economia e a memória dos escândalos de corrupção (Mensalão e Petrolão) ainda atingem o partido, e enfraquecem a capacidade de transferência de votos do presidente para outros políticos. A ausência do povo em datas comemorativas, como o 7 de setembro, e a perda do protagonismo nas manifestações já eram sinais do enfraquecimento do presidente, do PT e da esquerda em geral.
Outro ponto para explicar o enfraquecimento eleitoral da esquerda é a falta de habilidade para lidar com as redes sociais. Não se trata apenas de ter uma boa equipe de edição e produção, mas ter políticos capazes de passar originalidade e autenticidade no manejo das redes. Neste quesito, a direita nada de braçada. Não há nenhum fenômeno de rede social na esquerda, como um Bolsonaro, Marçal, Nikolas, Pavanato, entre outros.
Além dos fatores mencionados, existe uma crise de identidade dentro da própria esquerda. No passado, a população se identificava mais com as pautas da velha esquerda, preocupada com redução da desigualdade e melhoria da saúde e educação. Hoje, a nova esquerda descolocou o eixo das prioridades sociais e econômicas para questões culturais e ideológicas, como descriminalização de drogas, ideologia de gênero, banheiro unissex, etc. O povão simplesmente não se vê representado nessas questões.
A faxineira, por exemplo, quer que o filho dela tenha uma boa educação e fique longe das drogas. O zelador quer acesso ao SUS e a transporte público de qualidade. A população em geral está preocupada se o filho vai falar português corretamente para arrumar um bom emprego, e não se vai pronunciar “professorxs”
Na verdade, as pautas identitárias são importadas de universidades americanas por “gente sofisticada”, e não representam os problemas reais da população. Hoje, quem oferece soluções concretas para problemas reais é o centro ou a direita. O resultado da eleição municipal deixou isso bem claro.
Fonte: Jovem Pan Read More